domingo, 26 de abril de 2015

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De dentro da prisão em que o muro somos nós nunca estamos a sós.
Luas e sois passam e é a terra que gira.
Estaríamos agora de ponta cabeça?
Girando e girando.
Pode me informar as eras? Que eras são?
Ai eu deixo uma pergunta.
Quem deu o gênero ao mome das coisas?
Quem deu nome as coisas de gênero?
Segreguemos frangos.
Devem ter sido seres humanos.
A família explica.
A escola explica.
A igreja explica.
A ciência chega de nariz em pé, e pede água.
O rio pede sol, de janeiro em diante.
É que é tão difícil ser feliz.
É tão difícil ser humano.
Mas o que é mais difícil e tem um caráter quase utópico é ser.
E o que vocês seriam se não fossem o que são?

(Anônimo).

sábado, 4 de abril de 2015

Viver

Ficamos fazendo barulho por aqui ou ali. É uma coisa, um discurso interminável de resolver problemas ou de criar, coisa de se elevar o auge da existência. Ficamos em tempo de enlouquecer fingindo sanidade eterna, que é prova de que maior loucura não há. Discursos sobre discursos um querendo enganar outro, ou sobrepor, ou anular, ou desexistir. Mas olha... o tempo nos vai comendo bem silente. Não tem muita análise de discurso por ali... Bem quietinho. Bem desavisadamente. Bem sem querer nada. Vai comendo manso espreitando a bocada final. Gulosa. Demora um pouco mais um pouco menos e Zás! Demora um nanosegundo, um ano, uma década ou século. Zás. Afinal de contas como é que o tempo se conta sem as invenções da física de relojoaria atômica e outras artimanhas ultra-precisas. Se conta por eventos de importância e desimportância organizadas em discursos que se sobrepoem, se analisam, se interconectam sem nenhum sentido exato pela não existência de passado, presente ou futuro. Não existindo no tempo uma direção a que correr sendo um organismo duro, interceptam entre suas entranhas e peles esses intervalos todos de vidas, daqueles que duram século ou pico, femto, yatosegundos, porque não? Aquele tempo de evaporação de mini-buracos negros (Buracos negros bebês que nem se viu já foram). Estão todos por ali entre o começo e o limiar de sua existência (mas se é que este verbo existe a partir de fora da silhueta do tempo, visto daqui, deste lado de quem a observa).





Escrever

Escreva, escreva, escreva. Pra você escrever o que tem que escrever (mas você não tem que escrever nada e isto precisa ficar abundantemente claro), você vai precisar de três grandes coisas. A primeira de todas e chave primordial, mestra peça de encaixe no escrever é a disciplina.
A segunda de todas, não menos importante, que se junta à primeira em igualdade de aparição é a disciplina. E a terceira, finalmente, que completa o cenário é a disciplina.

Disse Emanuel pra Chico Xavier aí, já alguns bons 60 ou 70 ou mais anos atrás. 70 anos depois e ainda precisamos sempre da repetição.