quarta-feira, 13 de abril de 2011

Ressonância

Estava imaginando o que mais pode ser dito que me seja útil para ler depois. É isso. Pra mim escrever é um ato de utilidade: pra lembrar depois. E mais nada. Queria dizer tanta coisa. Muita coisa que só a mim importa porque sou eu e apenas eu que as sinto, eu e apenas eu que as experimento e com fundamento só na minha memória coisas ficam. São coisas só minhas, coisas indivisíveis. Pequenos fundamentos. Queria dizer o terceiro movimento do trio Arquiduque do Beethoven, que escuto agora, queria tanto dizer ele, muito, porque ele é tão lindo, tão profundo, tão ressoante.

É muito estranho isso. Saber que há um mundo inteiro em se escutar este movimento, que há coisas infinitas ali, infinitas coisas infinitas, coisas sobre as quais não consigo falar. Coisas. Saber que há tudo isso, que é um tudo isso pra dentro, um tudo isso que quando eu tento botar pra fora estrago. Perco. Eu perco, esta é a palavra, quando tento botar pra fora eu perco. Nem tão similar a "as palavras traem o que a gente sente" porque um pouco mais no fundo disto, quando eu admito que elas traem, significa que nunca expressam o que se quer expressar, e crio com isso uma regra. Eu, contudo estou um pouco a mercê de outra visão espalhada, a de que perco porque meu não entender vai assim: ao tentar dizer o trio de Beethoven, eu não consigo achar uma conexão entre o que eu disse e o trio, não consigo chegar a compreender se me traí ou era isso. Então, não tenho uma regra.

É muito estranho estranho haver tudo isso. Há e não há, por que há só pra mim. O que existe só pra mim existe de fato? Sempre achei que o que existe só pra mim é tudo o que pode ter importância em existir, mas não posso dizer que exista mesmo.

Tudo o que existe pra mim, existe só pra mim e é um Universo de infinitos. Infinita música, infinita beleza, infinita tristeza. Infinitos objetos, infinitas palavras, infinitas combinações, infinitas propriedades. Um Universo de infinitos que só passam sobre o meu pensamento.

Mas agora... agora vou dormir. Vou dormir, vou me abrir pra outros infinitos, outros infinitos que não estou aberto, outros que não aparecem com esta ordenação toda. Já imagina-se o quanto sou limitado, de só entender o que tem ordem, só sentir o que está em conssonância com estas regrinhas. O quanto estou limitado, por estas palavras, que sempre vem numa mesma liquidação de regras semânticas. Agrupadas ao longo de alguns anos. O mais importante é falar o que não está nas regras. Talvez isso pra ordem se perder, e outras palavras, já que se usa, como se dormindo, um pouquinho pode levar. Um grande catequismo entendimento e formados aí nem uma moeda. Mais ponto, mais pulsar, vida, é o sempre que se quer entender, entender, na ordem do pensamento que vem coisas, juntas de verbos sem importância grandes, grandiloquentes, prestando homenagem. chegou Ai um momento desenhar de baralhar, e tuado deixa grande porque não quero. Quero.

Acabou.


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