terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Destinos

Então quando os (nor)destinos chegavam em São Paulo, chegavam e paravam e ficavam. Quando cada (nor)destino humano era alimentado com sonhos apertados num pau-de-arara, no caravançaraí cheio das lembranças, ou na locomotiva, sonhos apertados nas bagagens, se sonhos de uma vida melhor, se sonhos de um não sei o quê, se sonhos da saudade de casa, se sonhos de um "estou apenas para a viagem e nada mais". Aqueles cheios das esperanças de São Paulo. E a cidade grunhia satisfeita e gulosa, pronta a massacrar a massa de (nor)destinos.

Porque cada (nor)destino humano que chegava em São Paulo toda contra eles, cada desembarque com o olhar no longe, nos milhares de quilômetros, da lonjura de casa (casa, aquela coisa que não sabemos o que é, e que se pode dizer que não existe), levava ali, naquele momento, naquele precioso instante todos os cidadãos do mundo, em sua mala. Os cidadãos do mundo botando o pé na rua manhã-cedo todos os dias pro feitio do existir... Levava ali, naquele precioso instante.


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