Comentou Saramago em seu blog que um dos grandes intuitos de Obama, antes de se eleger, era garantir a seguridade da saúde para o número escandaloso de nada menos que 50 milhões de norte-americanos que não têm dinheiro para pagar um plano, no país onde o sistema foi corrompido na década de 50-60 com companhias e suas "grandes intenções" (o quanto isso é verdade, ?, para esta informação minha única fonte é o documentário de Michael Moore, "Sicko"). Bem, aí acontece o que já se sabe, que estas companhias e o seu "jogo de interesses" agem com todos os seus braços, a estender seus tentâculos e acabando por impedir que mudanças significativas aconteçam e alcancem o efeito que deveriam, no caso, que esta população às margens pudesse ter acesso a um sistema de saúde.
Claro que se estas mudanças se concretizassem estas tais "companhias" perderiam parte de seu espaço e poderiam ir à bancarrota. (Afinal, com um sistema de saúde público que eventualmente funcionasse, quem pagaria pra ter um privado a não ser a minoria "rica"). (Embora, seria possível uma convivência "pacífica" entre os grandes capitais, no meu entender, se não houvesse tanta intenção de poder, e de se manter a situação como está).
E quem é que acredita ainda que nós vivemos num sistema democrático? Governados por presidentes, por Lulas, por Berlusconis, por Obamas? Alguém ainda tem alguma dúvida de que snao realmente as grandes corporações capitais as que ensejam como o mercado deve seguir suas regras, pra gerir melhor os seus lucros?
No final das contas, se trata sempre de um jogo de poder político (Foucalt), para garantir que esta minoria de alguma forma conserve o que "por direito lhe pertence". Por direito lhe pertence, leia-se, o que lhe foi historicamente herdado, preservado e perpretado, com as variações pequenas. Mudam-se os ricos, mas não a riqueza. Os demais, os que de alguma maneira estão excluídos pelo cômputo histórico da participação no que quer que seja, num sistema de saúde decente, num acesso a cultura e Universidade, a lazer, cultura, alimentação adequada, estes continuarão às margens dos interesses dos que querem pra si apenas estes "privilégios" (diria Clarice Lispector, "Amor é quando é concedido participar um pouco mais").
E estas senhoras farão tudo o que for preciso, sempre, para manter este poder, disfarçadamente (ou nem tanto). Mesmo que consigamos identificar: cá estão todos os "culpados", ou em termos menos cristãos, cá estão todos os que agiram em prejuízo dos demais, bem, mesmo assim, mesmo que todas as pessoas fossem capazes de ver isto com clareza, não teríamos a solução para o problema.
A maior miséria mesmo, infelizmente, é a nossa de dentro...
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