gib acht! Was spricht die tiefe Mitternacht?
Ich schlief, ich schlief - aus tiefem Traum bin ich erwacht -
Ich schlief, ich schlief - aus tiefem Traum bin ich erwacht -
die Welt ist tief und tiefer als der Tag gedacht.
Oh Mensch! Tief!
Oh Mensch! Tief!
Tief ist ihr Weh,
tiefer noch als Herzeleid.
Weh spricht: vergeh.
Doch alle Lust will Ewigkeit,
will tiefe, tiefe Ewigkeit!
Faz tempo que eu queria fazer uns pequenos comentários não especializados (e portanto completamente amadores, de todos os pontos de vista e dispensáveis) sobre esse trecho do Zaratrusta aproveitado pelo Mahler na terceira Sinfonia...
Não sei se se pode dizer que ele é um trecho síntese do pensamento nietzscheano (não se pode!), mas é certo que ele é muito significativo. Significativo pelas certezas a respeito do super homem, ou melhor, do homem que, vivendo pelo presente, vive pela sua própria dor e desgraça. Que, sabendo do abismo inexorável que se aproxima (além de todos os abismos da vida, a morte!), decide se jogar nele rindo e dançando.
Versos simples, leves e belíssimos. Vejamos.
Faz tempo que eu queria fazer uns pequenos comentários não especializados (e portanto completamente amadores, de todos os pontos de vista e dispensáveis) sobre esse trecho do Zaratrusta aproveitado pelo Mahler na terceira Sinfonia...
Não sei se se pode dizer que ele é um trecho síntese do pensamento nietzscheano (não se pode!), mas é certo que ele é muito significativo. Significativo pelas certezas a respeito do super homem, ou melhor, do homem que, vivendo pelo presente, vive pela sua própria dor e desgraça. Que, sabendo do abismo inexorável que se aproxima (além de todos os abismos da vida, a morte!), decide se jogar nele rindo e dançando.
Versos simples, leves e belíssimos. Vejamos.
Tenham cuidado oh homens com o que fala o "misterioso" meia-noite. (O meia-noite fala:)
"dormi, dormi, e de um sono profundo
fui acordado
fui acordado
onde o mundo era um abismo,
maior do que pelo dia dado."
Pois não está já aqui a negação da verdade? A negação da necessidade de determinar o que é o mundo (determinar a verdade), determiná-la tão só e unicamente como um produto de nosso medo de morrer? (E que pra me deixar mais pasmo, aparece como um sonho?)...
Pois não está já aqui a negação da verdade? A negação da necessidade de determinar o que é o mundo (determinar a verdade), determiná-la tão só e unicamente como um produto de nosso medo de morrer? (E que pra me deixar mais pasmo, aparece como um sonho?)...
IRRA!
Dormindo o meia-noite descobre que: o mundo é muito maior do que o que o dia (razão) poderia teorizar (pensar)! Veja-se que metáfora belíssima! E é a noite (meia-noite) quem descobre isso, dormindo!
IRRA-2!
Então, o que o Mahler faz com este primeiro verso? Um misterioso lindíííííííssimo, que, se não é a própria representação de um sonho com revelações (ou revelação, na verdade, de que, o mundo é maior do que "a verdade" pode anunciar - maior do que o que se pode anunciar de fato), é pelo menos uma tentativa de se o expressar. (Acho que os alemães que tem uma tendência irritante a analisar tudo antes de sentir, dizendo qualquer coisa como "boa tentativa temos aqui caro Wilson!"). LINDO! (o primeiro trecho de Mahler é lindo, não os alemães).
Bom, aí continuamos com o segundo trecho, o desenlace, que é onde se situam a diferença entre a música e a poesia, entre puramente Nietzsche e a leitura mahleriana.
Oh homens, profunda é sua dor!
Bom, aí continuamos com o segundo trecho, o desenlace, que é onde se situam a diferença entre a música e a poesia, entre puramente Nietzsche e a leitura mahleriana.
Oh homens, profunda é sua dor!
Êxtase, êxtase! Maior mesmo do que toda agonia!
A dor fala: deixa ir
e todo êxtase à Eternidade se queria!
O desenlace para Nietzsche é: não negue sua dor, não negue seus temores e o medo da vida, o medo da morte, homens, a dor maior do que toda agonia (um êxtase contrário?)...
Mas dentro de tudo isto, o próprio olhar da dor é: "se joga pintosaaaaaaaaaaa"! Se deixe ir na sua dor, carregue ela junto consigo, ao cair no inexorável precipício da vida (oras, você definitivamente acabará morto!), se jogue dançando, bailando, rindo!
Mas dentro de tudo isto, o próprio olhar da dor é: "se joga pintosaaaaaaaaaaa"! Se deixe ir na sua dor, carregue ela junto consigo, ao cair no inexorável precipício da vida (oras, você definitivamente acabará morto!), se jogue dançando, bailando, rindo!
Então, e só então: este é o êxtase a eternidade!
(Magina que exagero nietzscheano! Se eu tivesse vivo nestas alturas vendo ele escrever este último versinho, daria um tapinha na mão dele e ordenaria: corrija! Já!).
Mas ainda bem que tem o Mahler pra consertar tudo... que... no trecho da revelação nietzscheana, coloca uma grande interrogação! Pois no segundo trecho, Mahler acorda do sonho, e a música fica toda trabalhada na tensão! Uma tensão forte até o "tiefer noch als Herzeleid" (maior mesmo que a sua agonia!), sim, afinal, os versos estão a nos dizer, oras, meus pequenos (homens), profunda (incontável, absurda, insuportável) é a sua dor! (O pequenos eu adicionei porque lembrei do Nelson Rodrigues). Maior mesmo que a agonia! (Incalculável, veja-se o drama nietzscheano).
Mas o que é pra Nietzsche o desfecho e a resolução de todos os pobremas, deixem-se cair oh homens nesta dor, na dor da vida, carreguem-se com ela... é pra Mahler... uma PERGUNTA!
Uuuiiiii que dignidaaaadeeeeee!
Sim, meu bem, Mahler quando coloca a mão no trecho "Weh spricht: vergeh" que é a maior personificação do homem que não vive o platônico-socrático-cristianismo, faz isso perguntando, com grande dúvida: e é?
Deixar-se ir? Deixar-se cair nos pequenos abismos, e mesmo no abismo em direção à morte (porque afinal não temos outra saída) dançando, e rindo alto? E é? Em Mahler a certeza de Nietzsche continua como agonia...
Mas como Mahler quer terminar tudo com final feliz, a tensão se resolve quando o êxtase se eterniza (mas acho que faltou explicar qual é este êxtase mahleriano... que em Nietzsche era o "Weh spricht: vergeh").
Qual será o êxtase mahleriano?
(...)
(...)
(...)
Ai cansei dessa vida de pensar coisas inúteis sobre gente morte que ninguém lê ou se importa ou escuta e vou relaxar com a Waltraud Meier.
Ai cansei dessa vida de pensar coisas inúteis sobre gente morte que ninguém lê ou se importa ou escuta e vou relaxar com a Waltraud Meier.
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