sexta-feira, 19 de novembro de 2010
O Homem-Bomba
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Momento Presente
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Fim do Concurso Chopin
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Chopin. 200 anos do nascimento.
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
domingo, 3 de outubro de 2010
Alguns Momentos - 2
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Mais uma da Sétima Sinfonia.
Morangos Imaginários
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Índice
Romeu e eu
domingo, 5 de setembro de 2010
Ganas nas mãos.
Tenho ganas nas mãos, tenho ganas nas mãos.
Tenho ganas nas mãos,
ganas de sangue correndo
vermelhas arfantes ardendo
Tenho ganas nas mãos
ganas de novas estradas
sinuosas curvas molhadas
Tenho ganas nas mãos,
ganas do tempo passado,
furiosa corrente movendo...
Tenho ganas nas mãos,
ganas e uma guerra pra dentro
me mudam de fogo por vento
Tenho ganas nas mãos,
ganas me estrangulando a vida
de mortos desmisturando vivos
Tenho ganas nas mãos,
ganas que cunham palavras
juntas desfilam derramadas
Tenho ganas nas mãos,
ganas que estraçalham a pele
juncam feridas a pó
Tenho ganas nas mãos,
ganas de ir pra casa,
pra me escrever de solidão
Tenho ganas nas mãos,
ganas de amores mal-resolvidos
ganas de sofrer enlouquecido
Tenho ganas nas mãos
ganas de um cheiro de chuva
ganas que são só uma... esperança.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Mozart, Mozart, Mozart
segunda-feira, 12 de julho de 2010
O real oral
De, deu, Deve
Devir, de vir, desvir, deve vir, dever vir, de viver. desviver,
desviuvar, desviar ver, desviar a ver, desvirar a ver, desvirar a Vera,
desvirar a Pedra, desvirar a vereda, desvirar a verdade.
CONCRETO.ABSTRATO.CONCRETO.ABSTRATO.
CONCRETO.ABSTRATO.CON-CRETO.AB-STRATO.
Um, dois, três, quatro, rimas, palavras,
ajuntamentos, substantivos, abnominal,
gramaticías, poemas, livros, verbandeids,
línguas, musculatória, cronormal.
Gonorréico.
Compaixão
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Morre Saramago
"(...)Jesus morre, morre, e já o vai deixando a vida, quando
de súbito o céu por cima da sua cabeça se abre de par
em par e Deus aparece, vestido como estivera na barca,
e a sua voz ressoa por toda a terra, dizendo, Tu és o
meu Filho muito amado, em ti pus toda a minha complacência.
Então Jesus compreendeu que viera trazido ao
engano como se leva o cordeiro ao sacrifício, que a sua
vida fora traçada para morrer assim desde o princípio
dos princípios, e, subindo-lhe à lembrança o rio de sangue
e de sofrimento que do seu lado irá nascer e alagar
toda a terra, clamou para o céu aberto onde Deus sorria,
Homens, perdoai-lhe, porque ele não sabe o que
fez. Depois, foi morrendo no meio de um sonho, estava
em Nazaré e ouvia o pai dizer-lhe, encolhendo os ombros
e sorrindo também, Nem eu posso fazer-te todas as
perguntas, nem tu podes dar-me todas as respostas. Ainda
havia nele um resto de vida quando sentiu que uma
esponja embebida em água e vinagre lhe roçava os lábios,
e então, olhando para baixo, deu por um homem
que se afastava com um balde e uma cana ao ombro. Já
não chegou a ver, posta no chão, a tigela negra para onde
o seu sangue gotejava."
sábado, 12 de junho de 2010
Epifania do Amor
segunda-feira, 31 de maio de 2010
O Poema que Morreu
Tudo indicava assim.
E o coitado do poema, estirado,
era coceira na curiosidade pública.
Chegou o delegado
- e cismado -
foi tecendo em pensamento
as inconstantes formas da dúvida.
Uma interrogação passeava ali.
Crescia e engordava
- proporcional -
a cada pessoa que parava
na pele da já recém formada
multidão.
Não demorou muito e apareceu o legista.
Ele era meio esquisito,
tinha tique nervoso
e coceira na vista.
Examinou o já lido poema
e constatou o consumado fato:
- Morrera de amor, não de infarto.
Suicídio? Assassinato?
Quem faria o fatídico ato?
- Quem ??? perguntava o delegado.
E com um ar sherloquiano
pegou o morto nas mãos.
Sob os olhos atentos da multidão
exclamou a primeira descoberta:
- Não era amador o assassino, era poeta !
“Poeta ?” Indagou a multidão incrédula.
- Poeta! Confirmou alisando o imeeeenso bigode.
Chegaram então os repórteres,
a lavadeira,
o bêbado ainda de porre,
a dona Julieta, o doutor Onofre,
e todos, do sul ao norte,
mastigavam a mesma pergunta:
“Um poeta, mas como é que pode ?”
- Simples! - Explicou o delegado...
A tristeza, num homem apaixonado,
dói além do sustentável.
No peito, abre um buraco.
Tanto insiste
que não resta escapatória,
com o dedo em riste,
atrás da porta,
persiste o crime.
A arma utilizada
não foi revólver,
não foi faca.
Foi um sentimento amargurado
delineado no papel
por uma caneta esferográfica.
Já a paixão - continua -,
foi a vítima,
de vez esquecida,
varrida,
morta.
Não é caso de polícia.
por aí morre um amor por dia,
é uma palavra prolixa, doída.
Dor nenhuma deve virar notícia,
fez bem o poeta em matar essa paixão.
E terminou largando o poema no chão.
Seguiu em frente, sumiu na multidão
que por sua vez se desfez
com a mesma rapidez
que se formou.
Mas do vazio que ficou - dilacerado,
permaneceu solitário
um adolescente
com os olhos molhados
e uma caneta na mão.
Em passos lentos, assimilados,
aproximou-se do poema
no chão largado
e guardou no bolso
a história do amor
que minutos antes havia escrito,
e por qualquer descuido
perdido...
Ricardo França