terça-feira, 18 de agosto de 2009

A Vida

A vida, esta causa perdida

queria se encontrar nas esquinas

das muheres da vida.

Encontrava-se com homens e mulheres voluptuosas

com formas arredondadas e chapéis de seda clássica.


Perguntou-se se não estaria

perdida entre aquelas mulheres perdidas

Não senhora, aqui sabemos tudo!

Endereço, cep, número de residência!

Bote aí no seu logradouro rua da Avaria.


Mas a vida esta causa perdida

Se insatisfez com as mulheres da vida

e partiu noite súbita, 

sem deixar lenço de adeus

Ou flores educadas, apenas a partida.


Andou por caminhos estreitos, escuros.

Chegou na avenida São João e viu Tom Jobim.

Que dizia pra ela:”deixe a vida te levar!”.

Insatisfeita a vida, causa perdida.

Seguiu para o interior, e lá... quem sabe... enfim.


No meio do caminho, viagem longa de ônibus

A rota das ruas se confundiu e a vida

Entrou nos viadutos errados 

Pra desembocar 

entre o Pinheiros e o Tietê, a chorar.


Mas um verso saudoso. 

Meloso de voz mansa e doce, a saudou

“não chore ainda não”

“que eu tenho uma razão”

“pra você não chorar”.


E a vida, descabelada se refez,

deixou o pranto e a lugubrez

e foi morar noutro lugar

onde se pudera notar

que a vida não é causa perdida.


Desde então com endereço fixo,

os pessimistas a debandar,

exigindo a volta da vida,

pras estradas da perdição

com as mulheres da vida, perdidas.


Mas foi ela pronunciar, um sim ou não

Vieram grupos, hordas, pedras na mão

Queremos que fique ali, aqui, acolá,

E ninguém pra fixar

Um lugar definitivo.


Desde este tempo a vida, escondida,

vive seu cantinho silente.

Passa gel no cabelo a noite,

Come maçãs de sobremesa no almoço.

E nunca esquece... de estar sempre... perdida.


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