A vida, esta causa perdida
queria se encontrar nas esquinas
das muheres da vida.
Encontrava-se com homens e mulheres voluptuosas
com formas arredondadas e chapéis de seda clássica.
Perguntou-se se não estaria
perdida entre aquelas mulheres perdidas
Não senhora, aqui sabemos tudo!
Endereço, cep, número de residência!
Bote aí no seu logradouro rua da Avaria.
Mas a vida esta causa perdida
Se insatisfez com as mulheres da vida
e partiu noite súbita,
sem deixar lenço de adeus
Ou flores educadas, apenas a partida.
Andou por caminhos estreitos, escuros.
Chegou na avenida São João e viu Tom Jobim.
Que dizia pra ela:”deixe a vida te levar!”.
Insatisfeita a vida, causa perdida.
Seguiu para o interior, e lá... quem sabe... enfim.
No meio do caminho, viagem longa de ônibus
A rota das ruas se confundiu e a vida
Entrou nos viadutos errados
Pra desembocar
entre o Pinheiros e o Tietê, a chorar.
Mas um verso saudoso.
Meloso de voz mansa e doce, a saudou
“não chore ainda não”
“que eu tenho uma razão”
“pra você não chorar”.
E a vida, descabelada se refez,
deixou o pranto e a lugubrez
e foi morar noutro lugar
onde se pudera notar
que a vida não é causa perdida.
Desde então com endereço fixo,
os pessimistas a debandar,
exigindo a volta da vida,
pras estradas da perdição
com as mulheres da vida, perdidas.
Mas foi ela pronunciar, um sim ou não
Vieram grupos, hordas, pedras na mão
Queremos que fique ali, aqui, acolá,
E ninguém pra fixar
Um lugar definitivo.
Desde este tempo a vida, escondida,
vive seu cantinho silente.
Passa gel no cabelo a noite,
Come maçãs de sobremesa no almoço.
E nunca esquece... de estar sempre... perdida.
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