quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Beleza

Há uma beleza natural de acontecimento dos eventos. Beleza natural é os eventos acontecendo. O amor entre os desescolhidos-de-beleza-social, o gozo todinho deles é  beleza natural: acontecimento das coisas, sucessão. Ali estão todos os cidadãos. Todos. Não se escapa nenhum. Deste gozo comum é onde a beleza emerge, e emerge de todos os gozos, por serem em si comuns. A beleza natural do acontecimento deve ser quase uma vertente termodinâmica. Um fluxo entrópico.

Há uma beleza plástica... uma beleza vendida nas embalagens da margarina feliz. Uma beleza: loira alta magra. Uma beleza robusto, peitoral, forte, pernas torneadas, bronze, cabelos lisos, caídos. Uma beleza simetria de rosto toda definida. Com barba, sem barba. Uma beleza na contra-corrente de fluxos e aforismas. Uma beleza temerosa, uma beleza que só se concretiza como auto de fé. Uma beleza cuja realização é em concretude a negação da vida.

Há outras belezas plásticas. Também na capa das margarinas felizes. Contrárias àquelas, mas ainda assim plásticas.

Há várias belezas plásticas. As belezas plásticas existem apenas como imaginários.

E há aquelas belezas reais. Do cotidiano. Cheias de vincos. Com marcas. Não envoltas em polietileno. Aquelas belezas sujeitas ao apodrecimento. Que levam menos de centenas de anos pra se desfazerem. Que se reciclam. Aquelas que o imaginário alcança de outra maneira.

Há duas belezas em constante luta. Uma tentando tomar o espaço de outra.

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