terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Nascimento da Clínica 2

"Pode a dor ser espetáculo? Pode e mesmo deve, pela força de um direito sutil que reside no fato de que ninguém está só. E o pobre menos do que os outros, que só pode receber assistência pela mediação do risco. Visto que a doença só tem possibilidade de encontrar a cura se os outros intervém com seu saber, seus recursos e sua piedade, pois só existe doente curado em sociedade, é justo que o mal de uns seja transformado em experiência para outros e que a dor receba assim, o poder de se manifestar. "

"O hospital torna-se rentável para iniciativa privada a partir do momento em que o sofrimento que nele vem procurar alívio, acaba transformado em espetáculo. Ajudar acaba por pagar, graças as virtudes do olhar clínico."

"Neste nível, não há separação a fazer entre teoria e experiência, entre método e resultados. É preciso ler as estruturas profundas da visibilidade em que o campo e o olhar estão ligados um ao outro, por códigos e saber, (...) com  duas formas principais: a estrutura linguística do signo e a aleatória do caso."

"A doença não é acidente da vida que vai conduzir à morte (dissolução daquela), é de outra forma consequência da morte. É pela existência da morte que o conceito de doença se fez."

Só uma palavra... "Ui".

sábado, 14 de janeiro de 2017

Namoro desfeito

Um haicai, dois haicais, extraídos de um site improvável de download de filmes diversos, autoria anônima... ou nem tanto.

"Ao Sol do verão
sorvete se derrete
namoro desfeito."

"Quantos anos você chama?"


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O que conta?

"O que conta nas coisas ditas pelos homens não é tanto o que teriam pensado aquém ou além delas, mas o que desde o princípio as sistematiza, tornando-as, pelo tempo afora, infinitamente acessíveis a novos discursos e abertas à tarefa de transformá-los."

Foucault de novo aparecendo por aí, mas agora no Nascimento da Clínica...

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

De Sueli Rezende

Ô seu Manuel, tenha compaixão
Tira nós tudo desta prisão
Estamos todos de azulão
Lavando o pátio de pé no chão
Lá vem a bóia do pessoal
Arroz cru e feijão sem sal
E mais atrás vem o macarrão
Parece cola de colar bolão
Depois vem a sobremesa
Banana podre em cima da mesa
E logo atrás vem as funcionárias
Que são umas putas mais ordinárias.

Interna do Hospício de Barbacena, o "Colônia", morrida em 2005, pouco tempo antes de sua filha a ter procurado para 'reatar laços' (em 2006). Uma das 60 mil pessoas que ali morreram ao longo do século XX-I. E que deixou obra. Contada no livro de Daniela Arbex... "Sueli e Débora (sua filha), vítimas da loucura dos normais".

(...)

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Retiros

"A ausência da coação nos asilos do séculos XIX não é desatino libertado, mas loucura há muito dominada."

M. Foucault na História da Loucura...

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

O crime e a loucura

"A proximidade geográfica onde eram coagidos a fim de serem reduzidos torna-se vizinhança genealógica no não-ser."

Foucault, História da Loucura...

(...)

Suspiros profundos...


Panóptico,

ele gira o nosso pescoço.

domingo, 1 de janeiro de 2017

Loucura

Estou nas palavras

violência, na rua
frio, na tua
(se) comida, na lua
Nawdas, vô nua

Nas ideias, coberta
no irreal, oferta
no erro, certa
na higiene, deserta

No silêncio,

Estou nas palavras.

Contradições

A subjetividade sem contradição, goza?
A cidade sem contradição se pode destruir?