sábado, 17 de maio de 2014

Inteligência

Que inteligência era na verdade um fenômeno social. Inteligência era comunicação. Mas então havia outra coisa. Que também estava ali. Essa outra coisa que não era a comunicação e portanto não existia em termos de inteligência, em termos de diferenciação, em termos de algo que se podia comunicar. Não era o corpo. Corpo era comunicação. Que seria. Desejos, sonhos, psiquês, transmutações. Tudo inteligência, tudo linguisticamente catalogado. Esse quê, que permitia a expansão e contração do que estava linguisticamente catalogado.

Havia alguma coisa impronunciável, indizível, intangível, qualquer coisa que de etérea que não era, era um vazio que preenchia os espaços da não-existência (um problema pra inteligência era certo a existência desta coisa impronunciável). Havia algo duro, algo que não se podia ir contra, porque não havia para ele um nome. Não havia para ele inteligência ou transmutação. Este algo estava ali, dizendo-se o princípio de tudo que existia. Era tudo além, o que não era comunicação, o que não era inteligência. Algo que estava fora do escopo das coisas inteligíveis.

A interrupção do aluno,
mas no final das contas eu não tive nenhum professor porque nenhum professor existia ou porque eu nunca me sujeitei a ser aluno?

Inteligência é comunicação. É social. Não havendo sozinha e isolada em um indivíduo.

É enciclopédia da análise de fenômenos. Não, não é memória. Catalogação de fenômenos como livre associação. Não tão livre assim. Pouco tem a ver com memória.

Inteligência é discurso. É catálogo linguístico. É a possibilidade máxima de se exprimir. O que se pode sentir, desejar, a capacidade de se emocionar,  a capacidade de descobrir, tudo o que não existe é a possibilidade de colocar em evidência no discurso um encadeamento linguístico. Inteligência vai portanto até que nossas possibilidades semióticas a neguem a passagem "até aqui está bom".

Contudo há também o que não é inteligência... porque em todo nossa maneira linguística desenvolvemos uma ambivalência corriqueira: aquilo que é, e aquilo que não é. Se existem outras maneiras que não a ambivalente de olhar para uma situação, estaremos por descobrir no futuro.

Se então há a inteligência deve haver, no mesmo discurso do que é e do que não é, o que está além que faz a inteligência expandir ou contrair por exemplo. Há algo que está ali e não está, algo que não é pronunciável.

Tudo que não está no nosso catálogo linguístico não existe. Mas aí está quase o abismo de um argumento em que me faço perguntar, o que é o "não existir", se existe o não existir. E ele está ali, o não existir, bem ali, algumas palavras atrás. Se isso é garantia de sua existência, não é questão de meritória arguição...

Nenhum comentário:

Postar um comentário