sábado, 17 de maio de 2014

Uma volta para a caixa de memória

Seis meses sem aparecer aqui no blog, a caixa das memórias. Fiquei até preocupado, desisti, pensei. Nossa, finalmente, desisti. Cresci. Mudei. Deixei essas coisas menores, sem importância. Quem tem tempo pra escrever memórias (de gente desimportante e sem-graça), quem tem tempo pra escrever sobre si, perguntou um amigo meu com escárnio, esperando de resposta os desocupados. Então eu finalmente pensei: é isto, estou inserido na sociedade, agora me ocupei, me ocupei de coisas importantes e notáveis que fazem a sociedade evoluir, pois que não tenho tempo nem mais subjetivo suficiente pra escrever um blog com textos. Mas agora pensei se desisti das memórias, da subjetividade que estava neste blog, do ato de escrever. Ou se, simplesmente como disse mudei. Mudei é uma palavra mágica. Era mudar verbo intransitivo. Magina, quandé que amar vai ser lá intransitivo, tão exigentes como somos e grandiloquentes no amor, amor todo cheio, amor gordo, amor lascívio de condições, de quereres, de necessidades, de imposições. Amar verbo transitivo sim senhor. Mudar é que parece que não precisa de nenhum contexto ao seu redor. Mudei e ponto final (mas como? mas oi?). Porque "mudei" não quer dizer nada. (E quem é que muda alguma coisa?).

Pois é, seis meses de abstinência, ao final voltando à mesma subjetividade. Porque quem é que disse que tristeza passa. Quem é que disse que solidão passa. Quem é que disse que não ter amigos passa. Essas dificuldades da vida, que como disse o poeta são meio que dores de concha extraviada. Alguém por acaso já viu concha extraviada voltar a dar abrigo pra quem extraviou. É porque do mesmo jeito, alguém já viu ter abrigo para a solidão. Para a existência de tristezas, para a dificuldade de comunicação com as pessoas. A concha extraviada, segue o poeta, é o que sou, sou muitas pessoas destroçadas, sempre que as nuvens, estando no céu, me cruzam de arribação. Uma dor de pedaços que não voltam. A xícara se quebra, não se reconstrói. Como se vê num filme: es como si... se me hubiera roto algo adentro... que ya no sé si tiene arreglo.

Turandot desafiando o príncipe ignoto, ed ogni note nasce ed ogni giorno muori, la speranza. E sua irmã gêmea, a tristeza (da esperança), que, morre com Dido

"When I am laid, am laid in earth, may my words create no trouble in thy breast...
Remember me, but AH! Forget my fate..."

Tristeza que se lembre de mim, pelo amor de Deus, mas AAAAAAH! Apague (esqueça) meu destino...

Está aí... a tristeza. Ou uma pequena parte das reminiscências da tristeza, escritas na discursividade hoje.

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